• Palavra do bispo
    E o bispo Dom Mauro Aparecido dos Santos, hein? Mereceu manchete de ontem na “Tribuna do Interior” por causa do sermão que fez na missa de domingo. Pudera. Dom Mauro mexeu em alguns “feridinhas” e soltou o verbo. Falou desde a má distribuição de renda na região até do tráfico de drogas. E deixou claro que não pode se calar porque Deus o cobraria dessa omissão. Cobrança divina?! Deuzolivre!...

    O QUE DOM MAURO FALOU

    Discurso da Igreja
    “Eu, como pastor, não posso deixar que minhas ovelhas sejam devoradas pelo dragão da soja, pelo dragão disso, pelo dragão daquilo. Não posso me calar porque Deus exigirá de mim essa omissão”.

    “Não me intimidarei de forma alguma, porque eu sou o pastor que o Senhor enviou para Campo Mourão para apascentar esse rebanho”.

    “Eu sei que vão falar que lugar de bispo é lá na sacristia, lugar de bispo é pegar o terço e ficar rezando pelo povo. Meus irmãos, o Senhor me escolheu para ser o bispo dessa igreja, com todas as minhas limitações, me enviando a essa região que eu não conhecia para ser o pastor desse povo e eu não posso me calar”.

    “Não seja laranja, porque eu sei da minha missão, eu tenho maturidade. Apesar de eu ter uma cara assim de bobalhão, mas Deus me deu a graça, o discernimento, para saber quando a pessoa é laranja”.

    Má distribuição de renda
    “É um direito do povo usufruir do lucro dessa região. Nós estamos vendo as conseqüências dessa riqueza concentrar-se nas mãos de poucas pessoas e a população passando fome, o aumento da violência”.

    Violência
    “Não pensem que a violência está na periferia. Quem fica rico não são os ‘aviõezinhos’, não são os ‘mulas’ que levam a droga, mas sim aqueles que trazem a droga, aqueles que detêm o dinheiro da droga e esses não estão nas periferias, esses estão no centro, travestidos de gravata, paletós”.

    “O que me dói é o indiferentismo que está tomando conta dos corações dos cristãos, a insensibilidade. Ninguém tem o direito de matar, seja pela arma de fogo, seja pela fome, seja pelo aborto”.

    Insegurança
    “A nossa cadeia é um caos. Quantos e quantos meses estamos ouvindo falar e quantas fugas acontecem em nossa cadeia. Que segurança nós sentimos”.

    “Vamos começar a reagir, não tenhamos medo. De uma forma pacífica, mas eficaz. Os pobres no Brasil só conseguiram espaço quando se uniram e enfrentaram baionetas, enfrentaram os revólveres, os jagunços”.

    MST
    “Vem aqueles que dizem: tá vendo, o MST é muito perigoso. Não. Perigoso é aquele que mata sem dar as caras, perigoso é aquele que traz as drogas e ninguém sabe quem é. Perigoso é aquele que suga o sangue do irmão e ele morre a míngua”.

    Omissão
    “Pessoas com nível superior, com segundo grau completo, não participam dos grupos de reflexão. Não se auto-ajudam como também não ajudam aqueles que não têm a graduação escolar”.

    Fonte: “Tribuna do Interior” (22/3/05)
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